O mercado financeiro voltou a ajustar as projeções de inflação para 2024, agora indicando uma taxa de 4,62% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme dados do Boletim Focus divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (11).
O novo índice, que reflete a sexta elevação consecutiva, ultrapassa o teto da meta de inflação fixada em 4,5%, sinalizando riscos de pressão contínua sobre o poder de compra da população e a estabilidade econômica no próximo ano.
A meta central de inflação para 2024 está em 3%, com uma tolerância de variação entre 1,5% e 4,5%. No entanto, a sequência de revisões para cima nas estimativas sugere que o Banco Central terá de intensificar a política de controle inflacionário para tentar evitar que a meta seja descumprida.
Caso o índice ultrapasse o teto da faixa permitida, a instituição será formalmente obrigada a comunicar ao Ministério da Fazenda as razões para o desvio, procedimento que reforça o compromisso de transparência com a sociedade.
A alta recente no IPCA reflete fatores estruturais e conjunturais que afetam a economia doméstica. Entre as causas, estão as condições climáticas adversas, como a seca prolongada, que têm impactado setores sensíveis como o de energia elétrica e o de alimentos.
Além disso, a persistência de fatores globais de pressão sobre preços, como o cenário de instabilidade nas cadeias de fornecimento e a alta nas commodities, agrava o cenário e desafia a manutenção da estabilidade nos preços internos.
As novas projeções do Boletim Focus também indicam ajustes para os próximos anos: a inflação para 2025 foi elevada de 4,03% para 4,10%, enquanto a previsão para 2026 subiu de 3,61% para 3,65%. Com isso, o mercado sinaliza que o controle inflacionário deverá ser uma preocupação de longo prazo, exigindo continuidade nas políticas restritivas por parte do Banco Central.
Outro destaque do relatório é a projeção de crescimento econômico. A expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 permanece em 3,10%, indicando otimismo em relação ao desempenho econômico mesmo com a inflação acima da meta.
Para 2025, a previsão de crescimento foi levemente ajustada, de 1,93% para 1,94%, refletindo um cenário de crescimento moderado após o impacto das políticas monetárias atuais.
O relatório do Banco Central também manteve a projeção de aumento na taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano.
A previsão para o encerramento de 2024 é de uma taxa básica em 11,75% ao ano, indicando que o Banco Central deverá persistir no aumento dos juros até o final do próximo ano para tentar conter a escalada de preços e ancorar as expectativas de inflação.
Além da inflação e dos juros, a previsão para o câmbio também sofreu ajustes. A estimativa para o dólar ao final de 2024 subiu para R$ 5,55, e o saldo da balança comercial projetado para o mesmo ano foi ajustado para um superávit de US$ 77,6 bilhões.