Campo Grande, MS – Lúcio Rodrigues Neto, fundador do Colégio Status, compartilhou sua trajetória e visão no podcast do Portal Negócios CG. Com três unidades já estabelecidas e uma quarta em andamento, o educador revelou os desafios e conquistas que marcaram sua carreira.
Lúcio começou sua jornada no setor educacional em 2001, inicialmente focado em pré-vestibular. “Eu sempre quis empreender, mas a educação não era meu plano inicial. Entrei em Direito pensando em advocacia, mas logo fui atraído para a liderança estudantil e, através de projetos de extensão, iniciei um curso pré-vestibular para estudantes carentes”.
Esse curso, que começou em um bairro periférico, foi posteriormente transferido para a UFMS, onde cresceu exponencialmente, atendendo a 1.400 alunos.
A expansão do curso dentro da UFMS enfrentou obstáculos, forçando Lúcio a alugar um espaço externo para continuar. “Foi uma decisão difícil. Ou fechávamos, ou alugávamos. Não havia planejamento, foi uma necessidade”. Essa mudança marcou o início de um crescimento, que eventualmente levou à fundação do Colégio Status.
O sucesso do pré-vestibular despertou a demanda por ensino médio e básico, áreas em que o Colégio Status se destacou rapidamente.
“Identificamos que muitos alunos do pré-vestibular tinham lacunas de aprendizado que poderiam ser resolvidas com uma abordagem mais estruturada desde o ensino médio” . Isso resultou na expansão para uma nova unidade, maior e mais equipada, que atualmente abriga mais de 3.500 m² de espaço educacional.
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A Resiliência e a Nova Geração
Em um dos trechos mais impactantes da discussão, foi discutido que a próxima geração está se mostrando menos resiliente em comparação às anteriores.
Lúcio argumenta que “por conta desse excesso de tecnologia e facilidade, os jovens não estão sendo desafiados o suficiente para desenvolver habilidades essenciais, como a resolução de problemas e a capacidade de lidar com o fracasso” .
Esse fenômeno, segundo ele, resulta em uma geração que, diante de dificuldades, prefere desistir ou procurar alternativas mais fáceis, como trocar de escola ou de emprego, em vez de enfrentar os desafios.
Outro ponto discutido foi a importância de preparar os alunos para enfrentar o sofrimento e as dificuldades. “A pessoa que você é tem muito a ver com o sofrimento que você passou na vida,” afirma o especialista, que enfatiza a necessidade de expor os alunos a situações de confronto e desafios para estimular o aprendizado e o amadurecimento.
O Impacto da Pandemia na Educação
A pandemia de COVID-19 foi outro tema central da conversa. O impacto das aulas remotas e a reestruturação das instituições educacionais foram discutidos com profundidade. Segundo o entrevistado, a pandemia foi uma verdadeira “zona de conflito” que forçou as escolas a se reinventarem rapidamente.
No Brasil, as escolas permaneceram fechadas por longos períodos, o que resultou em um atraso significativo na aprendizagem das crianças, especialmente as mais jovens.
“A educação não foi vista como prioridade no processo de reabertura,” lamenta um dos especialistas, destacando que o Brasil foi um dos países que mais tempo manteve as escolas fechadas, o que agravou ainda mais o déficit educacional em comparação com outros países.
Além dos desafios pedagógicos, a pandemia também trouxe dificuldades financeiras para as escolas, principalmente as privadas. Com o fechamento das instituições, muitas enfrentaram cancelamentos em massa e inadimplência.
“Houve muitos empréstimos governamentais que as escolas tiveram que pegar naquele momento, e agora, três anos depois, estão começando a pagar.” Conclui.
Críticas ao Novo Ensino Médio
O novo ensino médio foi introduzido com a promessa de modernizar e diversificar o currículo, mas enfrenta críticas substanciais.
Segundo o entrevistado, a reforma foi implementada de forma “não planejada”, o que resultou em um currículo desorganizado e desajustado para as necessidades dos alunos e do vestibular. Ele afirma que “o novo ensino médio acabou sendo um velho ensino médio maquiado.”
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