O mercado financeiro atualizou na última, segunda-feira (18) suas expectativas para a inflação e taxa de juros, além de outros indicadores econômicos do país. O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, mostra que a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a medida oficial da inflação no Brasil, subiu de 4,62% para 4,64% neste ano.
A revisão reflete pressões contínuas sobre preços, especialmente em categorias como habitação e alimentação, que registraram altas significativas nos últimos meses. O IPCA acumulado em 12 meses está atualmente em 4,76%, segundo o IBGE.
Inflação e taxa de juros
As estimativas para os próximos anos mostram um cenário que ainda exige atenção. Para 2025, a expectativa de inflação subiu para 4,12%, acima do teto da meta de 3%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A partir de 2025, o país adotará um sistema de meta contínua, com o objetivo de manter a inflação em torno de 3%, dentro de uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Essa mudança no regime de metas busca dar mais previsibilidade à política monetária e reforçar o compromisso de longo prazo com a estabilidade de preços. No entanto, os desafios para conter a inflação persistem, diante de pressões internas e do cenário econômico global.
Inflação e taxa de juros sob a lupa
Para lidar com a inflação, o Banco Central tem usado a taxa básica de juros, a Selic, como principal ferramenta. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano, mas o mercado já espera um novo aumento na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em dezembro. A expectativa é de que a taxa encerre 2024 em 11,75%.
O mercado projeta ainda que os juros devem continuar elevados nos próximos anos, chegando a 12% ao ano em 2025. Só em 2026 é esperada uma redução mais expressiva, com a Selic caindo para 10%, seguida por um recuo para 9,25% em 2027.
Embora a política de juros altos seja eficaz no controle da inflação, ela também tem impactos negativos, como o encarecimento do crédito e o desaquecimento da economia. O equilíbrio entre conter os preços e estimular o crescimento segue sendo o principal desafio do Banco Central.
Crescimento e câmbio
A economia brasileira tem mostrado resiliência neste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 3,1% em 2024, acima das projeções iniciais. No segundo trimestre, o PIB avançou 1,4% em relação aos três meses anteriores e 3,3% na comparação anual.
Apesar disso, as previsões para os próximos anos indicam um ritmo mais lento de expansão. Para 2025, o mercado espera um crescimento de 1,94%, enquanto para 2026 e 2027 a expectativa é de 2% ao ano.
Já o dólar deve fechar 2024 cotado a R$ 5,60, com uma leve queda esperada para os anos seguintes. A previsão é que a moeda norte-americana fique em torno de R$ 5,50 no final de 2025.
Contexto e perspectivas
O cenário econômico brasileiro reflete uma combinação de fatores internos e externos. A volatilidade no câmbio e as incertezas globais, como os movimentos de juros nos Estados Unidos, somam-se às questões domésticas, como o impacto das políticas fiscais e monetárias.
Com o fim do ano se aproximando, os próximos passos do Banco Central serão decisivos para traçar o rumo da economia em 2025. O desafio é ajustar as ferramentas econômicas para garantir estabilidade, sem frear o crescimento mais do que o necessário.