Haddad apresenta pacote fiscal com previsão de economia de R$ 70 bilhões

Haddad apresenta pacote fiscal com previsão de economia de R$ 70 bilhões

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhou nesta quinta-feira (28) as principais medidas de um amplo pacote fiscal que busca reduzir despesas e ajustar as contas públicas. Segundo o governo federal, as ações anunciadas podem gerar uma economia de R$ 70 bilhões até 2026.

O plano inclui mudanças em benefícios sociais, ajustes no teto salarial do funcionalismo público e novas regras para aposentadorias militares.

Entre os pontos principais está a revisão da política do salário mínimo. Haddad explicou que os reajustes futuros serão condicionados ao crescimento econômico e aos limites definidos pelo arcabouço fiscal. Outro destaque é a alteração nos critérios para o pagamento do abono salarial, que passará a ser restrito a quem ganha até R$ 2.640, com ajustes inflacionários ao longo dos anos até atingir o limite de 1,5 salário mínimo.

“Não estamos falando de cortar direitos, mas de dar clareza sobre quem realmente tem direito aos benefícios sociais. Precisamos corrigir inconsistências”, afirmou Haddad durante a coletiva de imprensa.

Pacote fiscal –Mudanças no Imposto de Renda e controle de fraudes

O pacote fiscal também inclui um aumento na faixa de isenção do Imposto de Renda, que passará de R$ 2.824 para R$ 5 mil mensais. Para equilibrar a medida, será criada uma tributação mínima para pessoas físicas que ganham acima de R$ 50 mil por mês. A ideia, segundo o ministro, é aliviar a carga tributária dos trabalhadores de menor renda, sem comprometer a arrecadação do governo.

Haddad destacou ainda a implementação de novos mecanismos para combater fraudes em programas sociais.

Benefícios como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) passarão a exigir biometria para recadastramento, além de maior cruzamento de dados entre órgãos públicos. A medida visa garantir que os recursos cheguem às pessoas que realmente precisam.

Ajustes no setor público e cortes em emendas

Outro ponto importante do pacote é a regulamentação do teto salarial no setor público, medida que visa eliminar os chamados “supersalários”. Além disso, o governo pretende limitar o crescimento de emendas parlamentares, destinando 50% dos recursos das comissões para o Sistema Único de Saúde (SUS).

A aposentadoria militar também será reformulada. Está prevista a criação de uma idade mínima para acesso ao benefício, além da extinção da prática de “morte fictícia”, que permitia a transferência de pensões mesmo sem falecimento real.

Sustentabilidade fiscal como objetivo central

O ministro ressaltou que o principal objetivo do pacote fiscal é assegurar o cumprimento das metas do arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso Nacional no ano passado. “Precisamos de previsibilidade e responsabilidade nas contas públicas. Isso beneficia o mercado, o Banco Central e, acima de tudo, o país como um todo”, declarou Haddad.

O governo aposta que o conjunto de medidas será suficiente para manter o crescimento econômico, previsto em 3,4% para este ano, e garantir a sustentabilidade fiscal. “O momento exige decisões firmes e transparentes, para que possamos atender às necessidades do país sem comprometer o futuro”, concluiu o ministro.

As propostas serão encaminhadas ao Congresso nos próximos dias e prometem abrir um intenso debate sobre o equilíbrio entre cortes e a manutenção de políticas sociais.

Aqui estão as medidas do pacote fiscal com os pontos apresentados até agora:

1 – Reforma do Imposto de Renda

  • Proposta: Simplificação do sistema tributário com maior progressividade fiscal.
  • Pontos principais:
    • Isenção de IR para rendas de até R$ 5.000 mensais.
    • Criação de novas faixas de tributação para rendas acima de R$ 50.000 mensais (R$ 600.000 anuais).
    • Objetivo de garantir neutralidade fiscal, redistribuindo a carga tributária: quem ganha menos paga menos, e quem ganha mais paga mais.
    • As reformas deverão entrar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026, tramitando concomitantemente com a regulação da reforma tributária aprovada em 2023.

2 – Salário Mínimo

  • Política de valorização:
    • Aumento real do salário mínimo será garantido acima da inflação (INPC).
    • Regras:
      • Mínimo de 0,6% acima da inflação caso o PIB não cresça.
      • Até 2,5% acima da inflação, nos casos de crescimento significativo do PIB.
    • Objetivo: Assegurar previsibilidade orçamentária, sustentabilidade da política de valorização e manutenção do ganho real para os trabalhadores.

3 – Benefício de Prestação Continuada (BPC)

  • Foco em combate a fraudes e maior controle:
    • Garantir que o benefício atenda estritamente quem cumpre os critérios constitucionais.
    • Medidas:
      • Exigência de biometria para beneficiários.
      • Atualizações cadastrais regulares para evitar fraudes.
      • Combate à concessão do benefício sem perícia médica.
    • Objetivo: Fortalecer a assistência social e garantir integridade no programa.

4 – Abono Salarial PIS/Pasep

  • Revisão do critério de pagamento:
    • Será pago a quem ganha até R$ 2.640 mensais.
    • Reajuste regular pelo índice da inflação.
    • Meta: Equiparar o valor do abono a 1,5 salário mínimo e fixá-lo nesse patamar.

5 – Reformas nas Forças Armadas

  • Alterações em benefícios e aposentadorias:
    • Fim da pensão por “morte ficta”, concedida a filhos de militares expulsos como se eles tivessem falecido.
    • Eliminação da transferência de pensões para terceiros.
    • Ampliação gradual da idade mínima para reserva/aposentadoria.

6 – Teto Constitucional dos Agentes Públicos

  • Combate a práticas que permitem ultrapassar o teto nos Três Poderes, trazendo maior controle sobre remunerações e benefícios.
  • Enfoque no cumprimento do teto salarial:
  • Discussão com o Congresso para garantir a aplicação rigorosa do teto constitucional para salários de agentes públicos (atualmente R$ 44.008).

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Isabel Almeida

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