Em um encontro marcado por avanços no comércio bilateral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder chinês Xi Jinping assinaram na última quarta-feira (20) uma série de acordos de cooperação, incluindo a abertura do mercado chinês para quatro produtos agropecuários brasileiros. O anúncio foi realizado durante a visita de Estado de Xi ao Palácio da Alvorada.
Entre os novos produtos autorizados para exportação à China estão farinha de peixe, óleo de peixe e outros derivados de pescado utilizados na produção de ração animal.
Também foram liberadas as exportações de sorgo, gergelim e uva fresca. Esses itens se somam a uma já extensa lista de produtos agrícolas brasileiros que têm no mercado chinês seu principal destino, fortalecendo a posição do país asiático como maior parceiro comercial do Brasil.
No entanto, nem todas as negociações tiveram desfecho positivo. A esperada autorização para a exportação de miúdos suínos foi adiada devido à ausência de protocolos técnicos finalizados.
Além disso, não houve avanço na liberação de novas plantas frigoríficas para exportação de carnes bovinas e de aves, apesar de uma lista de dez unidades já ter sido enviada pelo Brasil em outubro.
Tecnologia e inclusão digital em pauta
Além dos acordos agrícolas, a parceria entre Brasil e China avançou em setores estratégicos. Um memorando de entendimento foi firmado entre a estatal Telebras e a empresa chinesa SpaceSail, concorrente da Starlink de Elon Musk.
O objetivo é avaliar a demanda por internet via satélite em áreas remotas e desenvolver soluções de inclusão digital em locais onde a infraestrutura de fibra óptica ainda não alcança.
A SpaceSail, que opera satélites de órbita baixa (LEO), aposta em uma tecnologia de alta velocidade para conectar comunidades rurais e isoladas, fortalecendo o papel da inovação tecnológica como motor da cooperação bilateral.
Brasil fora da Nova Rota da Seda
Apesar dos avanços nas parcerias comerciais e tecnológicas, o Brasil optou por não aderir à Nova Rota da Seda, o ambicioso projeto de infraestrutura global liderado pela China. Em vez disso, foi estabelecido um plano de sinergia entre o programa brasileiro de investimentos e os objetivos do Cinturão e Rota.
Segundo fontes diplomáticas, a decisão reflete a política externa brasileira, que privilegia a diversificação de parcerias e evita compromissos que possam limitar a autonomia estratégica do país.
A visita de Xi Jinping reforça a relevância da China como principal destino das exportações brasileiras, ao mesmo tempo em que abre novas frentes de cooperação em setores como energia, inteligência artificial e saúde. No entanto, a ausência de um alinhamento mais profundo com a Nova Rota da Seda demonstra uma postura cautelosa diante dos desafios do cenário geopolítico atual.