O Carrefour Brasil (CRFB3) está no centro de uma nova polêmica que pode abalar suas operações e a percepção do mercado sobre a companhia. A decisão de grandes frigoríficos brasileiros, como JBS, Marfrig e MasterBoi, de suspender o fornecimento de carne bovina às lojas da rede provocou uma queda de 4,37% nas ações da varejista nesta segunda-feira (25).
O movimento veio após declarações do CEO global do grupo, Alexandre Bompard, na França, pedindo a interrupção de compras de carne de países do Mercosul.
O boicote, iniciado na última sexta-feira (22), já impacta mais de 100 unidades do Carrefour, incluindo as bandeiras Atacadão e Sam’s Club.
A paralisação ameaça o abastecimento de carne bovina em diversas lojas e vem como resposta direta ao posicionamento da matriz do grupo, que questionou padrões de sustentabilidade na produção sul-americana.
Enquanto frigoríficos aguardam um pedido formal de desculpas, o Carrefour Brasil nega problemas de estoque em suas lojas.
Os desdobramentos do caso preocupam analistas. Segundo especialistas, a categoria de carnes é estratégica para atrair consumidores às lojas e representa cerca de 5% das vendas totais da rede.
A paralisação prolongada pode gerar efeitos negativos para o tráfego de clientes e pressionar as margens do Carrefour, especialmente no segmento de atacarejo, que responde por 70% do faturamento.
O momento do impasse coincide com um período crucial para o varejo. Com a proximidade da Black Friday e a alta sazonal de consumo no último trimestre do ano, qualquer interrupção no fornecimento pode comprometer campanhas promocionais e resultados de vendas.
O mercado financeiro já reflete a incerteza, e especialistas apontam para maior volatilidade nas ações do Carrefour Brasil enquanto a situação não se resolve.
Embora o impacto do boicote ainda seja difícil de mensurar em números exatos, analistas destacam que uma solução rápida – como uma retratação oficial da matriz francesa – poderia mitigar os danos.
Até lá, o Carrefour Brasil enfrenta não apenas um problema logístico, mas um desafio de imagem, em um cenário de alta inflação de alimentos e pressão dos frigoríficos, que mostram força em uma negociação estratégica.
A situação também coloca em evidência tensões comerciais maiores entre Mercosul e União Europeia, especialmente com a proximidade da implementação do acordo de livre comércio entre os blocos. Enquanto isso, o Carrefour segue no olho do furacão, tentando equilibrar as demandas locais e internacionais.
Fonte: Infomoney